E são tantos quinhentos... continuidades incoscientes transformações abortadas No fio umbilical toda família toda propriedade o fluir sanguineo do passado carnificando-se no Sempre.
Poucos quinhentos, cheques pré-datados portas ausentes de paredes vozes vazias em ouvidos surdos No rosto o plácido No coração o transpassar de lâminas A dor oscila na máscara por não querer comunicar... por não ter a quem comunicar... por não haver o comunicar...
Apenas quinhentos, séculos colhidos ao campo moedas atiradas ao poço gramas pousadas nos pastos números perdidos entre palavras.
Quinhentos, a metade de Mil e Uma Noites o crepúsculo o amanhecer onde dorme e acordaa lâmina sobre o pescoço.
Percebo luzes que sobrevivem ao zunido estrépito da metrópole. Me pergunto sobre as vidas singelas ou depravadas me rodeiam neste momento. E me vejo dentrode todos esses dígitose fôlegos vitalícios.
E só você me arde em vénias, como gota de nitidez neste habitat que de forma insolenteinsiste em desertar da simetria natural. Seu olhar, seca minha mente de maneira que esta estiagemdescompassa minha solidez ostentante me flagrando em motins de pensamentos.
Gostaria de viola-la e toma-lade forma simples e real Sendo absorvido pelo manto de hipótesesque abraçanos e desforra minha ciência. Mas, é mais fácil ter a corpulênciapara enfrentar essa cidade do que possuir a audácia de afagar-me e afogar-me em seu olhar.
Como poderia não te perdoar... fostes a semente da urdidura que motiva-me a viver a ti pertence a realidade castanha de minhas visões e serás o julgamento piedoso de minha danação.
Se amo cada defeito impiamente sagrado que te define e me contradiz pois esta em ti a fórmula cicuta da salvação a qual velo, rezo e ojerizo.
Pois odeio-me por não te possuir e odeio-o por amar-te livre me colocando voluntariamente em escravidão que inocentemente mais uma vez me domina.
Sigo as linhas proféticas de minhas palmas rosadas mostrando a solidão nestas cicatrizes natas Procuro por sinais glorificadores de sua presença por rugas da juventude ou marcas do porvir.
Sinto a latência central sob a pele marcada comandando um cruzar geográfico de veias e pulsações que desesperam-se a manter os fluidos místicos de minha trajetória a medir na intercessão das linhas a possibilidade de união.
Impossibilitado de me conhecer pois nem ao menos familiarizo-me com minha palma abandono a tradição quiromantica do ser para entender-me unicamente em sua pessoa.
Quebro o silêncio líquido de nossas mentes pois chovo por querer-te vento imaginando seu contemplativo olhar tornar-se espelho sua utópica pele transfigurar-se fronteira.
Temo por sua vozhora real hora covarde em declinações paternal fraternal e filial Elevando-me às brasas de sua respiração que sufoca por tornar-me livre.
Hipnotiza-me com seu aspirar faminto e egoísta e seu espirar ofegante de Azarro Desejo sua voz como um suicida a liberdade seguindo a força catalisadorade seu calculado silêncio.
Gostaria de poder tocar as faces morenas de meus fantasmas... Sentir entre meus dedos o transpassar das luzes que me agridem vendo-me invadido e proprietário deste prisma ideal.
Percebo-me trêmulo... pois não posso me possuir sem antes te tomar. Não serei sonhos de minha realidade açoitada Nem príncipe entre véus cinematográficos. Sendo assombrado pela corrosão que me abate deixando-me perecer pela doença que me sustenta que oscila entre letargia nirvânica realidade fatal.
Desejo seu toque tempestuosamente macio a aflorar-me como mártir de meu corpo Quero sorver-lhe pelas farpas o seu céu e destronar-te a uma humanidade acessível.
Demolirei nossos adarves intragáveis para ressurgir a flor-acre de sua pele Fundarei em seu corpo um império aminístico onde poderemos nos eternizar em paraíso dual.
Façamos de nossos lábios, abismos e de nossas palmas, âncoras façamos de nossos corpos, abrigos e de nossos desejos, feitores.
Para abraçarmos o inconquistável onde surgirá o que sempre existiu conseguindo solidificar nossos espectros como a nódoa de nossas respectivas mentes em nossos corpos trocados.
Somos reencarnações míticas Um teatro, espaço aberto para claclet e bravos
Um mito contando histórias Na areiavisões de blumagens celestiais... Na florestaaponta-se estrelas ouvindo o silêncio... No geloo frio espelho onde Narciso se mira...
Contadores de vidas cujas palavras-pegadaseram grãos de pão espalhados pelo caminho da mata escura.
E cada conto aumenta um ponto. Virgulações cotidianas, Exclamações existenciais! -Travessão dialogal
Não vivemos apenas contamos uns para os outros a história destes refletidas nas nossas.
homem: Mas senhor anjo? Como posso vencer a tentação da fresca maça? Anjo: A melhor forma de vencer as tentações é entregar-se a elas... Homem: Não estaria eu imerso em pecados? Anjo: Quem é mais nobre? aquele que se entrega a carne e logo a abandona ou aquele que frustra-se por nega-la e carrega o desejo consigo? Homem: Por que senhor, apesar dos meus cristãos apelos, o demônio insiste em seduzir? Anjo: O Demônio não é senhor... é servo de vossas vontades... não é sedutor...e sim, esta seduzido por humanas possibilidades...
Estou nuentre palavras - Nu. Vestido por seus olhos, doces tecidos que não me pertencem linhas invisíveis entre meus membros lento desabotoar de meus pensamentos retalhos de vossos lábios sob meus sentimentos.
Estou nu - e ainda sou rei. Suas trêmulas mãos, que, entre papéis,seguram minha vida. Seu trêmulo olhar como linhas percorrem meus abismos Sua trêmula salivaque umidece o silêncio, e com ele, meu amor.
Surto de arte febre criativa sonhos em insônias transitar de loucuras.
Somos mensageiros asas na mente asas nos pés. Entre céus trevas e luz Entre terras abundância e controle Entre si todos os nossos eus a procura de caminhos.
A poesia é um caminho as palavras são janelas em um dia chuva noutro sol em um dia pássaros no batente noutros ladrões a espreita. O que muda é o olhar ou a paisagem? O que entardece? o que amanhece? As palavras lhe pegam pelas mãos e lhe convidam a caminhar pelo indizível onde os silêncios prosperam se alimentando da terra luz e água e desses: as transcendências.
Vou subir sim, mas aos pouquinhos... que é pra não perder aquele macio gostoso dos pés sobre a terra fofa...vou subir sim... de mansinho meio sonolento Preguiçoso arco-írisa levantar-se do chão para deitar-se no céu.