Destrincho músculo a músculo o tempo,
sorvo o sangue dos séculos
entre meus róseos lábios joviais.
No festim glorioso,
engulo a carne de Cronos
rasgando-a
digerindo-a
na mortalidade de minhas entranhas.
Cosmofagias modernas
buscando nos sucos das essências
o sólido gotejar da realidade.
E a poesia? guerreiro tupiniquim
É a antropofagia dos deuses
que ao nos dar as palavras
nos mordem a boca.