sábado, 28 de junho de 2008

Carrara





















Sobre a estaca o sangue,
imagem paterna
revirar de olhos
sexo suor e flechas.



Eros Kama Cupido,
São Sebastião do Rio de Janeiro.
Sobre as praias,
uma desnuda humanidade
à sombra do redentor.

Beijo barba Pomo de Adão
no culto de Apolo,
linho, suco de uva e efebos.

A eterna estátua de deus
fria estilística clássica
a provar imortalidades em carrara.

Cronobrasilidade
















O Brasil é uma mistura de tempos!

Zunido do mosquito
ondas na praia
parabólicas orkut
circulo fechado

Na gira das canções
o tambor do esquecimento

Recuo da bateria
estalo do chicote
No frigir dos ovos
a fome cavalesca do viver


E a chuva?
Beijo entre o céu
e a terra।

A REDE



Está todo mundo na rede
tubarão sereia caranguejo
tudo dentro da água
tudo com a água dentro.

Tsunamis de palavras
pra nossas barquinhas oculares
como dois astros
a piscar escuridões.




domingo, 15 de junho de 2008

Águas













Águas


Percorri todas as águas do mundo
despenquei de cascatas ferindo rochas

navegando flores.
Fui lodo cheio de vida, pesado de morte,

cheiro intragável em lento descanso.
Fui suco da fruta mastigada a banhar línguas e vozes.

Fui o mar, em lágrimas e espermas, conchas e cristais.

As águas correm nos rios vermelhos de minha terra


bombeando...

rangendo...

chorando...

...o suor sobre minha pele.

Príncipe Oriental


Príncipe Oriental



Um príncipe oriental
vestindo cascas de laranja
e cheirando a cravo e pó, disse:

-A palavra inventou o silêncio.

Aspirou o pó das nações
massarelou pétalas brancas
caminhou sobre água e lama, disse:

- A visão inventou a cegueira.

Já não era realeza luzente
não morava entre mármores e epifanias
não dormia sobre sombras arbóreas, disse:

- A vida inventou a morte।