segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Tábuas Virtuais






Língua tatuada
Beijo colorido
jujuba confeite napolitano

Vamos dançar
saias rodadas
mãos enlaçadas

Numa feira da Pérsia
escolhemos correntes
ouro vento tucum.

Na radiofonia
de tambores e gigabits.
O silêncio perdido
nas cartas esculpidas em pedra.

Olhar da parede


Olhos bizantinos
santa austeridade
imortalizada em vitrais
Álbum de fotos sobre os tijolos escuros da catedral.

O vento espalha o incenso
olhar iconoplástico
observa clama silencia
O ídolo nos pede vida!

Cores virtuais


Palcos da solidão
impossível plural,
pinceladas virtuais
tingem a tela digital.

Nos pormenores
espreitam as rachaduras
Nos detalhes
escondem-se a teia a poeira
Nas fendas
morada dos ratos
Sorrisos de Mona Lisa.

A lente do fotógrafo
limite do vazio
piscadela entre criação e criador
almas cativas em preto e branco
edificadas nas paredes de nossas retinas.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Exclamação





!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!!



Uma exclamação criou o mundo!
Abriu os olhos
indignações de encantamentos
silencioso porem
escarlate personalidade.

sonho ruinas


Sonhar existências
entregar-se à caverna de nossa mente
rupestres mensagens
que ganham vida com o fogo e a palavra.

Santos em ruínas
coliseu na penumbra da noite
tijolos a mostra
(antiga assembleia dos Deuses)

Anjo em corcel negro
observando crianças na rodovia
aprendendo ser terra-comum
ruína semente adubo.

fraquezas divinas




É justamente nas fraquezas divinas
morada dos espíritos humanos
em que brota o amor
gestante de olhares e civilizações.


Pecados da perfeição
dói arde arrepia
Beijo na nuca
palmas em oração
olhos entre abertos.

Nós - a sombra divina,
ricos por ser-mos mortais
em nossos barros de carne
gritamos numa bela aurora
Faça-se Luz!!!!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Mitos


Banho de mar estou nos braços de Iemanjá!
Caminho na areia com o perdão de Apolo,
que doura igualmente a todos.

Os mitos me contam histórias
que só terminam quando recomeçam
Os mitos são histórias sem palavras!

Sementério


A senhora ceifadora
Mãe das sementes
pois quando enterradas
do inferno renasce a vida.

Ceife o trigo
amasse o pão da vida
Perséfane
cubra-nos com seu manto
e de raiz nos transforme em flor.

crepusculário


Eterno porvir
luz que primeiro ilumina as trevas
limite em mutação
totalidade.

Luz caminhante
carruagem de fogo
carrocel dos encantados
Apolo Surya Tupã Oxala Juramidam.


As palavras possuem forças
pressão leveza
dedilhando caminhos
no compasso da comunicação!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Persefane

Há quanto andas ?
viradas e estadas
Sob a mão da roda
o atrito
a pedra no caminho.

Tropeçar por esquecer-se dos pés
Não mudar a fantasia
Sonhos enforcados
Navegante perdido no alto.

Palhaço sem circo
aprendendo com o mundo
olhando amanheceres
e no mar paisagem sólida.

Pequeno cão a ladrar
olhares de não se esqueça de mim
entre portões enferrujados
silêncio urbano.

E no teatro das batalhas
por terras adubadas por gente
Ela caminha contente colhendo sementes
e luares.

Cascatas castanhas

Cascatas castanhas
e dois potes como olhos de mel.

Olhar que fita o vazio
Ponte colorida que descansa tranquila
sobre as duas margens do rio.
Flerte anestésico
entregue ao som mudo das pegadas.

O mundo quietinho,
fica sonolento como Budas satisfeitos
ao som panguante
das estrelas do céu e do mar.

Cera





Cera transparente Puro estado incandescente
Nem fogo nem líquido.

Lava celeste
Lama cristal
Lágrima
de ouro.

Útero de fogo
Mãe da chama
da tocha do foguete.
Queime nossos corpos
leve-nos em apoteose.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cerejas Eritrinas


Moça do leque,
Cigana de Avalon
Mãos de tarot
Olhos de runas
Pele em mapa astral.

Menina quietinha,
soletrando canções com lábios cerejas
até dormir...
quietinha,
e sonhar com Alices peregrinas
sobre campos verdes e vermelhas eritrinas.

Saia das canções rodadas
Mãos enlaçadas ao vento
Asas claras visíveis (só pra algumas boas almas)
Colhendo cerejas,
com seus olhinhos em búzios.

Pés tortos


Édipo moderno
Serei torto serei manco
assassino e amante
herói civil e cego degredado
ainda úmido do sangue de antepassados
serei guiado pelas doces mãos de minha descendência

Me avisas da esfínge,
pois levarei comigo a palavra
cobrirei com ela seus olhos de águia
pesarei com certezas suas asas de rapina
saciarei a fome bubalina das ruminações mentais
e seduzirei a jogar-se do penhasco a sua alma feminina

Pois sou O Dos Pés Tortos
desde de meu nascimento e abandono
sempre o torto em linhas retas
e sei meu longo caminho:
é o mesmo caminho de todos
que ao viajarem nele
fazem todos diferentes caminhos.

Mãe Ancestral




Força iniciática,
lâminas de tarot e runas de cristal
incensos livros sagrados sonhos revelados
Mãe ancestral de seios de fora
vaca, gata, loba que amamenta o órfão rei de Roma

Dalila a cortar cabelos espalhando força ao vento
Oyá resfriando a sopa quente de quem tem fome,
girando o planeta promovendo a guerra e a paz.
Parvati urbana, de cigarro na mão,
grávida da tradição, a buscar na tela do computador
a teia que tece com os fios de Ariadne e Aracne...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Alados



Seres alados,
escalas de miguéis raphaéis gabriéis
promovendo subidas e quedas
Hermes esvoaçantes em espirais de ligações
abutre sereno e paciente transformando morte em vida
águia dourada eclipsando o sol de cada dia
estátua fúnebre a vigiar os mortos com a espada em punho.

Bata as asas de Ícaro encantado
viaje como pégasus observe como esfinge
pouse qual lúcifer sobre a carne ferida
plaine no mar de ventos e de intenções
seja a gaivota que cisca o mar
e mergulha no azul.

Asas brancas de nuvens mensageiras
vermelhas de labaredas intraterrenas
negras de sombras frescas sob sol escaldante
de cera, corpo das velas que alimentam a chama de nossos protetores.

Andar nas Águas


Entre ídolos de pedra
sonhos esvoaçantes
águas labiais...
o rio róseo da palma de nossas mãos
a correr entre pétalas e espumas.

Lapidar de mãos frias entre margens,
ladeando terços na curva, queda, pântano
veias abertas
cristalinas doações
inundações de vida
naufrágio da terra.

Seiva, sangue, magma
e os deuses - velhos amigos -
caminham com mantos erguidos e pés nus
sobre as águas em que não podem afogar...

Pele Papel



Minha pele....seu papel
nosso sangue a misturar manchas e caligrafias
Cada pedaço de carne uma palavra
a soletrarmos suores
Tacteis palavras de nossas peles
letra por letra
carne por carne.

Tacteis palavras...a gritar e sussurar
arabescos hieroglifos ideogramas
entre nossos músculos e ossos
entre nossos olhos e lábios
pois o mundo está escrito...

maktub...
amém...
oxalá...

para lermos
então amigo de palavras macias,
lermos-nos em nossos corpos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

7 andar


Trépido carinho
chama dançante sobre cabeça de cera,
gelo derretido
espírito santo.

A flor de Lótus abre-se,
para o sol, para moscas
nutrida de lama e incensos.

Doce mão a oferecer o véu que queima,
labareda língua falo faísca,
a transformar o mundo mantendo tudo como está.

E Deus? Flerte de olhos,
seduz dança fita
para mostrar o mundo na piscadela de Shiva.

Cálice grego


Ecco lhe sorri fitando-o através da relva
Europa nua sobre couro divino
tauromâncias circencis

De Epicuro surgem as flores
o vinho adocicado pela cicuta
o beijo platônico do saber

Na taça de bronze
reluz artifícios dionisíacos
sangue divino em heróicos crânios desconhecidos

Eros aponta cego para a margem desoladora
Amínias empunha paixão e segredos
musas e ninfas entregam-se nuas
a narcótica lágrima de Narciso.

Anjos Caninos


Doces caninos
sangue pútrido
ávido por cadáveres

Beijo de idiomas
cárceres de sorriso e carne
ossos quebradiços de capa negra

O quanto sofremos pela busca da felicidade?
- disse ela ao anjo.

Na palma da mão a água suja de reflexos
seca de alma

trevosamente só.

Grilhões rangendo vozes familiares e amigas,
humanidade passageira à espera do consolo da morte

Poderia esperançar-me? - ela pergunta novamente ao anjo...

aguantada és tu que estranha-te por pequeños estranhos!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Centro

O centro é a própria órbita,
criador de criadores
ateu oleiro de sentidos

O estômago ronca o OMMMMM
sublime canção dos pequenos povos
feridas e miséria sob a casta da felicidade

O vazio cria então o desejo do não vazio
lágrimas invejosas pedem a fúria e a vingança:
liberdades na seta certeira do panótico observador

A onipresença é julgada,
a humanidade culpada,
o outro é o eu indesejado

Somos espelhos minha cara Alice,
e te ofereço essas palavras vazias
para serem preenchidas por seus olhos,
amigos, inimigos, irmãos.

Venda


Te conheço sim
Misterioso e contemplativo

culto à Diana
carvalho espada sangue


Sobre a testa a faixa que venda olhos
Ver pra quê? Ver pra crer?

Musa Diana

Doce luar de arma nas mãos
vestindo o véu das transparências
Segredos velados
Mentiras sinceras.

Sorriso em meia-lua
palavras indecifráveis
Boca úmida de silêncio
Seca de retóricas

Virgem caçadora
dona das fases da lua
traz os mistérios do inteligível
para nos mostrar a verdade em nossos olhos.

Pise sobre o mar de sereias
Pise sobre a rua de putas
Pise sobre o véu da castidade
caminhando em silêncio sobre as palavras.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Arabescas


Escrever torto por linhas certas
arabescas orações
indecifrável caligrafia
desvendar de véus negros
entre a tinta e a pupila.

Que mãos rabiscaram as entranhas das pirâmides?
Que pena murmurou segredos em nanquim?
manuscritos sagrados
revelações digitais.

Caminhar com enlaçar de mãos
escrevendo histórias
e nossos pés
pequeninas letrinhas-pegadas.

Maria-sem-vergonha


Minha florzinha
Rasterinha qual maria sem vergonha.
que dá em qualquer lugar
colorida entre fendas e ruínas
só pra lembrar
que a vida é insistência!

Cálice


Você é ascensão e ruína
nascimento suicídio
meu amor caminha sobre seus cabelos
corda-bamba.

A taça em meu peito
oferecida e rejeitada
fresca de sentimentos
translúcidos desejos.

E sua sede?
Desertos carentes de sombras
mares transbordante de satisfações.

Sou o cálice do amor divino
ao qual você diz:
Afaste-se de mim!

Trigais



O amor voou sobre as copas
pássaro solitário
no olhar lacrimal e garganta seca
desterro de si.

Savanas douradas
alamedam o triste caminhar de nossas sombras
Sob o sol escaldante
fervilhar de palavras
entre labios vazios.

Procuro por você
pedras chão raiz
Seu hálito soprado entre trigais
me lembra do sol sobre a cabeça
o beijo na testa.

Musas


Segurança platônica
formalidades mascaramentos
a moça da tv anuncia econômicas realidades
na sua beleza celeste.

Sorriso de Atenas
Helenas Evas Juremas
avidez ilusionista
pêndulo das musas da razão.

Me carregue senhora das águas turvas
para seu mar de olhos castanhos
enquanto seus cabelos ondulados
espalham-se nas areias.

Nesta noite silenciosa
onde minha Ariadne empresta seus fios de lágrimas
gotas lunares
brilho nos olhos da noite.

Pandora



Doce Eva de lábios vermelhos
cor macieira do desejo
a beijar a casca
morder a polpa
sugar a carne.

Pandora mágica
espiã de masculinos segredos
com suas doces mãos
firzir tecer cozer
mistérios lunares

Mulher de cabelos negros
leque vendaval de pensamentos
Entregue-se ao corpo amado
desvenda-o em sangue e ossos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Berlinda dos Ventos


Berlinda
equilíbrio entre o vento e o abismo
Zéfiros mensageiros
sussurrar...

Pele clara de alma escura
cheia de estrelas
e no brilho infinito
abraçar...

Berço trono
cedinho, à tardinha
janela jorrando o sol
sobre dois meninos vadios.

Febre Amiga


Quando percebemos que amamos?
Pelas miligramas líquidas de nossos olhos
pelo silêncio sedento de palavras
dor no peito a chiar
clamando veias e motivos?

Uma febre amiga me abraça
me dizendo: - Calma estou aqui!
Sua amiga desejosa e faminta
a dividir este mundo com mais ninguém!

Nasceste só
ao só voltarás!
Mas olhe seus pés!
São dois!
Já não estás sós,
tem a si mesmo!